sexta-feira, 24 de outubro de 2008

\ Poema de aluno do Paulino de Brito

Nos sonhos a gente voa,
Nos sonhos a gente vive,
Nos sonhos a gente ama,
Nos sonhos a gente existe.
A gente pode sonhar acordado.
A gente pode até acordar triste,
Mas se no sonho você estava ao meu lado,
Não preciso mais pedir que meu sonho se realize.

Camila Lima Guimaraes da escola Paulino de Brito, da turma da oitava série 1.801 (manhã)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

>PRIMEIRO DE MAIO de Rui Barata


Surja esse verso de maio,
trazido pelos arcanjos,
um verso que faça maio,
o maio dos desenganos,
e fel transforme em doçura,
rendilhando de ternura,
os meus fracassos humanos.

Um verso que me decifre,
nas horas de ansiedade,
que não sendo antologia,
seja a minha humanidade,
levando por onde for,
os meus suspiros de amor
e gritos de liberdade.

Um verso assim como esse:
"Proletários de todo o mundo,
( uni-vos )" .

(Quartel da Companhia de Guardas da Polícia Militar do Estado do Pará, 1º de Maio de 1964 )

Ruy Guilherme Paranatinga Barata
( 1920 - 1990 )

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR http://www.culturapara.art.br/rbarata/ruy.htm#HISTORIA

terça-feira, 7 de outubro de 2008

NO MEIO DO CAMINHO de Carlos Drummond de Andrade




Drummond nasceu em ltabira (MG) em 1902. Fez os estudos secundários em Belo Horizonte, num colégio interno, onde permaneceu até que um período de doença levou-o de novo para ltabira. Voltou para outro internato, desta vez em Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Pouco ficaria nessa escola: acusado de "insubordinação mental" - sabe-se lá o que poderia ser isso! -, foi expulso do colégio. Em 1921 começou a colaborar com o Diário de Minas. Em 1925, diplomou-se em farmácia, profissão pela qual demonstrou pouco interesse. Nessa época, já redator do Diário de Minas, tinha contato com os modernistas de São Paulo. Na Revista de Antropofagia publicou, em 1928, o poema "No meio do caminho", que provocaria muito comentário.

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Ingressou no funcionalismo público e em 1934 mudou-se para o Rio de Janeiro. Em agosto de 1987 morreu-lhe a única filha, Julieta. Doze dias depois, o poeta faleceu. Tinha publicado vários livros de poesia e obras em prosa - principalmente crônica. Em vida, já era consagrado como o maior poeta brasileiro de todos os tempos.


http://www.culturabrasil.pro.br/cda.htm

Mais poemas de Drummond:

http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm.html

VER O PESO de Max Martins




A canoa traz o homem
a canoa traz o peixe
a canoa tem um nome
no mercado deixa o peixe
no mercado encontra a fome

a balança pesa o peixe
a balança pesa o homem
a balança pesa a fome
a balança vende o homem

vende o peixe
vende a fome
vende e come

(...)pese o peixe
pese o homem
o peixe é preso
o homem está preso
presa da fome

ver o peixe
ver o homem
ver a morte
ver o peso.


Max Martins nasceu em Belém do Pará em 1926. Exerceu cargos públicos até o momento de sua aposentadoria, a qual o Inamps incorporou outra: a de escritor, obtida há alguns anos e transformada, de imediato, no primeiro caso de escritor que se aposenta e recebe benefícios por ter exercido, por mais de trinta anos, a poesia. Hoje é diretor de um núcleo de cursos na área de linguagem verbal, aberto a estudantes de nível médio, universitários e interessados na literatura de um modo geral, conhecido como Casa da Linguagem.Lançou seu primeiro livro, O Estranho, em 1952 (edição do autor).

ENTREVISTA COM MAX MARTINS : http://www.culturapara.com.br/maxmartins/entrevista.htm

VER-O-PESO de José Ildone

Se mandassem pesar

o peso que a vida tem,

eu passaria minha vida

a ver o peso em Belém



José Ildone Favacho Soeiro ( 1942) - nascido na cidade da Vigia, o poeta José Ildone é também professor e foi Prefeito de sua terra natal. Estudioso da história da Vigia, respondeu, por muitos anos, pela edição do Suplemento Cultural do O Diário Oficial do Estado do Pará. Sua poesia, toda ela de raiz lírica, fala do amor, da saudade e da admiração que tem pela cidade que o viu nascer e pela que o acolheu - Belém. Ildone também é trovador.

O POETA de João de Jesus Paes Loureiro




Debruçado no poço


salmodia


e a própria voz escuta.


Osso.


atirado a si mesmo


(espelho)


por um cão faminto.



João de Jesus Paes Loureiro ( 1939) - é poeta, prosador e teatrólogo, além de letrista e professor. Nascido na cidade de Abaetetuba, exerceu o jornalismo e o magistério, até tornar-se secretário municipal e, depois, estadual de Educação e Cultura. Presidiu a Fundação "Tancredo Neves" e o Instituto de Artes do Pará. Sua poesia é lírica e de marcado cunho social. Envolvido pela realidade amazônica, poetizou a região, seus mitos e lendas, a dura realidade rural e cercou de contornos poéticos a cidade de Belém.


BLOG DO PAES LOUREIRO : http://paesloureiro.wordpress.com/

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

> UM NOVO NASCER e UMA VIAGEM SUPERIOR de Valcir Cardel






Sinto agora novas correntes vibrarem
São correntes positivas que tocam o meu ser
Fitando o horizonte longínquo
Pressinto um novo nascer


Corro rumo ao mar bravio
As ondas chocam-se nas pedras
E provocam música no ar
A correnteza me guia (Sigo avante)
E entro em contato com a nova aurora
Da minha vida.

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UMA VIAGEM SUPERIOR


A viagem da oração é

Um alto refúgio nas horas de tribulação,

Confusão e angústia

Refúgio mais elevado que as bebidas fortes

E as drogas químicas

Que maltratam o ser

Em um consumo constante desde o amanhecer

Em uma dependência

Em um desequilíbrio perceptível

Pelas ruas das cidades ou nos bares das esquinas.


Existe um refúgio superior, rapaz

Você precisa fazer essa viagem, esse vôo profundo

O Altíssimo pode colocá-lo em lugares muito altos

Basta acreditar mais.


(Do Livro Um Novo Nascer)




BLOG DE VALCIR CARDEL

www.valcircardel.blogspot.com